domingo, 30 de agosto de 2015

Carta Para Mim 2

Querida Paula,
    Faz um tempo que não nos falamos, mas eu estou precisando de você. As coisas não estão fáceis por aqui e eu gostaria de desaparecer toda vez que as pessoas olham pra mim enquanto ando, eu mudei e foi bom para mim mas tudo que as pessoas fazem é me julgar. Aqueles que eu tinha certeza que sempre estariam comigo agora me olham torto.
    Quantas vezes eu já não pensei em cometer os erros do passado? Mas eu me lembro de como eu sofri e de como as pessoas não se importaram mas você me ajudou. Ainda penso em desistir de tudo, mas se eu desistir nunca deixarei essa vida que já não me satisfaz, eu preciso escapar, nem que seja só por um minuto. Está´acontecendo tudo de novo e eu não vejo ninguém ao meu lado. Sinto falta de quando tudo estava bem.
    Eu não gosto de estar gostando, e eu estou gostando de estar sozinha e pior: eu estou gostando de não estar bem. Desejo algo, ou melhor, alguém, que não posso ter. Sinto falta das pessoas que foram embora e que não mais fazem parte da minha rotina, pois elas me davam mais um motivo para ter crises de risos.
    Tenho saudades da época que inventava desculpas para sair, agora meu único pedido é ficar sozinha no meu quarto, eu tento reverter, mas essa é a verdade. Não tenho tempo para não saber o que fazer.
    Estou com saudades, tomara que esteja melhor que eu e espero lhe ver em breve.
                                                                                                  Com amor,
                                                                                                              Valeria.
P.S: conte sobre você   

domingo, 16 de agosto de 2015

Menino dos cabelos da cor do sol

    Cabelos longos e claros que cobrem a testa, uma corrente de ouro no pescoço, sorriso convidativo... Esse é, ou pelo menos era, Henrique.
    Hanna já o conhecia fazia um ano mas nunca tinha reparado nele, até que um dia uma mensagem no facebook aparece "Oi, tudo bem?" ela nem se importa, mas outra mensagem aparece "Não vai mesmo me responder?" é ai que eles começam a se falar. Eles se conheceram nas aulas de espanhol, e terminou que eles realmente conheceram outras línguas, literalmente, mas ainda iria levar muito tempo para isso acontecer.
    Os dois conversavam muito, e muitas vezes rolava um clima, mas ela não se deixava levar, uma vez estavam conversando pela internet, ele falava que ia viajar pois sua vó estava doente... Quando, do nada, ele recebe a noticia que ela tinha falecido. Não é querendo ser indelicada mas a velha tinha que morrer logo agora? A conversa estava tão boa... Mas ela fez o que pode: apenas o consolou.
     O tempo foi passando, e quando ela menos esperava, no primeiro dia de aula, quando entra na sua sala com as mesmas pessoas... Lá está Henrique. Seu cabelo não mais cobria a testa, estava cortado curtinho e devido a isso havia escurecido.
    Com o tempo Hanna percebeu que seu príncipe não era como se mostrava duas vezes por semana, na verdade ele era bem diferente. Mas ele continuava a encantando... Até que rolou.
    Mas depois do que aconteceu eles não conseguiram se olhar no olho, nada estava certo e até hoje eles não se falam como antes.
                                                                                          Com amor,
                                                                                                        Paula.  

domingo, 2 de agosto de 2015

Oito Ou Oitenta

    Talvez eu já tenha contado muitas historias sobre Valeria, mas nunca falei como ela era. Foi a pessoa que eu mais me aproximei durante minha estadia em Rio Doce.
    A maioria das pessoas tem sua hora preferida do dia (manhã, tarde ou noite), mas ela tem dois momentos favoritos durante o dia: a alvorada e o crepúsculo, se olharmos essas horas são como ela: indefinidas. Estavam em completa indecisão se eram dia ou noite, se mostravam o sol ou a lua enquanto ela nunca sabia se ficava feliz ou triste.
    Ora tomava suas decisões sozinha e rapidamente, ora se deixava levar pela opinião dos outros. Dias que acordava com seu mantra "FODA-SE", outros em que sua testa deveria estar escrito "contém um drama".
    Ela era do tipo que não conseguia dirigir um brutal "não" a alguém, podia até ser prestativa na maioria dos casos mas exigia muito das pessoas em troca e se decepcionava se não recebesse o esperado. Tinha a habilidade de convencer as pessoas que surpreende qualquer um.
    Se fizéssemos uma lista com todas as pessoas que não gostam dela possivelmente não terminaríamos hoje, o motivo pelo qual não gostavam dela não era inveja, mas sim devido a sua sinceridade extrema que por vezes acabava magoando as pessoas. Então voltamos: ela é indefinida, logo, se colocássemos em um papel o nome de todos que realmente gostam de Valeria não concluiríamos hoje.
    Nunca irei encontrar uma pessoa igual a ela. Tão maluquinha, sincera e definida como ela, e espero nunca encontrar, pois seria incapaz de aguentar duas pessoas desse jeito e no meu coração não haveria espaço para tanto amor perdido, pois a mesma ainda não conhecia um sentimento forte assim.
                                                                                                         Com carinho,
                                                                                                                         Paula.





sábado, 18 de julho de 2015

Melhores inimigas.

    Quando Valeria ainda gostava de Guilherme ela, como qualquer pessoa, stalkeava todas as redes sociais dele e começou a perceber que a mesma garota sempre aparecia nas poucas fotos que ele tinha e os dois pareciam ser bem próximos já que sempre apareciam abraçados. Descobriu o nome da menina: Ana Paula.
    Ela começou a acessar todas as redes sociais da menina, seguia e enviava solicitações de amizade (que inclusive foram aceitas). Valeria achava que os dois eram namorados ou algo do tipo (claro, isso foi antes dele namorar Lara Morgana) então começou a odiar Ana Paula.
    Todos estavam na escola quando Guilherme disse:
         - Vocês lembram de Ana Paula? Ela vai voltar para a escola próximo ano!!!
Quando ouviu aquilo ficou muito irritada. Como ele podia falar aquilo na frente dela?
    Na mesma hora Valeria já sabia o que fazer: ia virar amiga de Ana e fazer de tudo para acabar com a vida dela.
Resultado de imagem para melhores amigas- desenho    O outro ano chegou e infelizmente as duas não ficaram na mesma turma, mas Valeria não mediu esforços e logo a encontrou, e ela ate gostou de Ana, elas gostavam das mesmas coisas, na verdade, elas praticamente tinham trocado de vida; estudavam em escolas diferentes mas no terceiro ano mudaram de escola e curiosamente uma foi parar na antiga turma da outra!! Mas ela não podia perder o foco e acaba descobrindo que Ana Paula ia trocar de sala.
    Ana mudou de sala e já estavam com um trabalho de escola, Valeria logo a colocou em seu grupo (e até gostou da ideia, pois era a unica garota do grupo). Então um dia ficaram até tarde na escola, os meninos saíram para almoçar e as duas ficaram sozinhas e começaram a conversar, eu não faço a minima ideia de como chegaram esse assunto mas começaram a se perguntar: Qual o nome do médico de cu (foi com Ana Paula que ela prendeu que a palavra "cu" não tinha acento), elas juravam que era urologista, mas urologista é o que cuida de infecção urinaria, a conversa prosseguiu até que elas resolveram pesquisar no Google e descobriram que o certo é proctologista. Quando os meninos voltaram elas estavam tão felizes com a descoberta que pularam sobre eles perguntando:
      - Vocês sabiam que médico de cu é proctologista?
Eles riram, pois aquilo era obvio.
    Todos passaram um ótimo dia, e aquele trabalho rendeu muitas risadas. Mas foi assim que surgiram as melhores amigas que poderiam existir.
                                                                                             Com amor,
                                                                                                        Paula.








sábado, 11 de julho de 2015

Leandro

    Se em algum dia você já se sentiu confuso, e eu aposto que sim, já sabe exatamente como é a vida de Leandro.
    Particularmente, eu não acredito que existam pessoas "sem futuro" nesse mundo. Isso parece totalmente hipócrita (considerando que já chamei Ronaldo de "mala"), mas eu sempre tentei mostrar o lado bom das pessoas aqui, é uma pena que elas não consigam enxergar esse lado em si. Como ser humano nós temos a habilidade de nos diminuir, de nos achar um lixo, eu admiro as pessoas que possuem o dom de se idolatrar, ele era esse tipo de pessoa.
    Pegajoso, egoísta, possessivo, o tipo de gente que se acha invencível, ele agarrava as pessoas como se fosse o ultimo ser do planeta, com medo que ela fosse para longe. Eu não o condeno, ele perdeu quem amava: a mãe largou a família quando ele tinha apenas 4 anos, então ficou morando com a avó materna até os 10 (já que o pai trabalhava noite e dia para sustentar a família), mas ela morreu... Não tinha com quem contar, a maioria ,na verdade, o criticava só pelo fato dele ser igual (pois acho que diferente é uma palavra que não se aplica mais nesse jeito de amar).
    Vou confessar que me surpreendi com todo esse preconceito quando cheguei em Rio Doce, eu vinha do Nordeste, de uma cidade quase grande, cheguei no Sudeste achando que tudo era mais moderno, mas me enganei pois na minha terra a descriminação era bem menor que no interior de SP.
    Mas será mesmo que ninguém percebia? Acho que viam, mas viravam o rosto. Ele se mostrava seguro, confiante e alegre. Como se alguém tivesse encontrado um remédio que te curasse de toda tristeza do mundo, ninguém é 100% feliz o tempo todo, mas leandro tentava provar o contrario.
    Pessoas intrigantes me atraem, me forçam a sentir algo. Querendo ou não: ele precisava de alguém de verdade, que falasse sem tabu e sem medir as consequências,também precisava de alguém companheira e de outra pessoa calada, que o fizesse ser ouvido. Essas 3 eram como seus pilares, mas ele precisava ir além do seu pequeno mundo para achar.
    Leandro sonhava alto, tinha seus objetivos mas não se esforçava para consegui-los. Eu acho que sei o que faltava: ele precisava acreditar em si mesmo.
                                                                                            Carinhosamente,
                                                                                                                 Paula.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Apenas luzes

    Por mais incrível que pareça eu já contei para vocês as principais historias para montar um quebra-cabeça de um ano, é claro: Alguns fatos foram esquecidos pois o tempo não os deixou bem registrado em minha mente e meus diários não resistiram. 
    Na minha passagem por Rio Doce eu descobri que as pessoas mudam mais em 3 meses do que em um ano, isso se reflete em mim, nas minhas prioridades e no modo de pensar e agir. 
Resultado de imagem para o mundo de noite    Agora, enquanto escrevo nas notas do celular (esperando que os textos não se percam novamente) estou dentro de um avião e é noite. Estamos passando por cima de uma cidade e o que consigo ver são as luzes, é estranho como na minha cabeça só consigo pensar que embaixo daqueles pontos luminosos existem historias, algumas tão boas que virariam livro. Me sinto esquisita em saber que com tão pouca idade não consigo mais pensar como a criança que sentada perto de mim falou pro pai "eu só consigo ver luzes". 
    O avião já está pousando, e agora consigo enxergar as avenidas congestionadas, o lixo nas ruas e as casas praticamente abandonadas. Logo, concluo que de cima tudo parece lindo, fantasiamos vidas incríveis para aquelas pessoas, mas quando se aproxima seu conto de fadas é destruído e você entra em um mundo de miséria, tristeza, arrogância, crueldade... Mas o fato do mundo parecer acabado não significa que não há amor, alegrias ou risadas perdidas em meio ao caus da cidade. 
    Talvez essa comparação fuja um pouco da realidade mas essa paisagem me lembra alguém que é exatamente como essa cidade. Leandro.
 
                                                                                   Com afeto,
                                                                                               Paula.


sábado, 20 de junho de 2015

O garoto X

    Poderia ser o garoto y, z, w... mas foi ele, o X. Eu acho que qualquer pessoa em vários momentos se sentirá atrasada em algo com relação aos próximos, para a maioria das pessoas com 11-14 anos é aquele assunto que você sempre escuta falar: o primeiro beijo. As garotas, normalmente, sonham com aquele príncipe encantado... Mas nem sempre é assim que acontece. 
   Valeria estava com 13 anos, e ainda não tinha acontecido, ela realmente sonhava com seu príncipe no cavalo branco, mas o mesmo ainda não existia. Ela decide ir a uma festa junto com suas amigas, uma festa legal com a galera da idade dela no dia 20 de Setembro (exatamente um ano depois do grande acontecimento), ela promete para si que não vai ficar com ninguém naquela festa, pois garotos perfeitos não encontram suas garotas em festas.
Resultado de imagem para primeiro beijo    O dia chegou, ela se arrumou e foi, encontrou suas amigas  e se divertiram, Valeria comentou com Catarina: "Eu não vou ficar com ninguém, serio! Eu só quero dançar e me divertir com vocês". O tempo foi passando... O amigo de um menino todo de preto veio perguntar se ela queria ficar com seu amigo, a resposta foi simplesmente "Não, obrigada", o rejeitou como se rejeita um pra to de comida, nessa hora Catarina caiu na risada. Da outra vez quando um menino de  chapéu a chamou para dançar ela se virou com mais duas amigas e em coro falaram "não!!!!", pelo visto ela estava mantendo a promessa. 
    Elas se encontraram com os meninos e ficaram dançando, foi quando o mesmo menino de chapéu chamou Hana para dançar, e ela foi... Acabou que eles ficaram foi quando Abella disse "Hana é uma oferecida, uma put#, ficou com um menino que nem conhece", Valeria não aguentou e foi logo defendendo a amiga "Atá, então quem fica com alguém que não conhece é put#? Ela não ta cobrando nada!". Mas esse argumento não bastava, olhou para Leandro e falou: "Arranja qualquer um". 
    Elas continuaram dançando, quando um menino tocou no ombro de Valeria, ela não queria nem saber como um escorregão, ela virou,beijou, deu tchau, voltou e perguntou para Abella "Agora eu sou put#?", ela ficou sem resposta.
   Valeria não sabe o nome, o numero do garoto. Não se lembra como ele era e nem como foi... Mas foi o melhor primeiro beijo que poderia ter acontecido. E ela agradece eternamente ao GAROTO X.
                                                                                                   Um beijo,
                                                                                                              Paula.